domingo, 17 de outubro de 2010
Assim, tendo nós, ao mesmo tempo,
Assim, tendo nós, ao mesmo tempo, consciência do exterior e do nosso espírito, e
sendo o nosso espírito uma paisagem, tempos ao mesmo tempo consciência de
duas paisagens. Ora, essas paisagens fundem-se, interpenetram-se, de modo que o
nosso estado de alma, seja ele qual for, sofre um pouco da paisagem que estamos
vendo - num dia de sol uma alma triste não pode estar tão triste como num dia de
chuva - e, também, a paisagem exterior sofre do nosso estado de alma - é de todos
os tempos dizer-se, sobretudo em verso, coisas como que "na ausência da amada o
sol não brilha", e outras coisas assim. De maneira que a arte que queira representar
bem a realidade terá de a dar através duma representação simultânea da paisagem
interior e da paisagem exterior. Resulta que terá de tentar dar uma intersecçãode
duas paisagens. Tem de ser duas paisagens, mas pode ser - não se querendo
admitir que um estado de alma é uma paisagem - que se queira simplesmente
interseccionar um estado de alma (puro e simples sentimento) com a paisagem
exterior. [...]
Postado por
A morada dos Poetas
às
15:46
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